terça-feira, 31 de maio de 2016

cabe tudo numa mão em concha


...e cai a ficha que não tenho mais vinte e um anos. e cai a ficha que não tenho mais dona tereza ao meu lado. e cai a ficha que meus filhos cresceram e que meu netos nasceram. e cai a ficha que a flor ainda botão não verei desabrochar.  e cai a ficha que não tenho como reverter o fator tempo e corrigir os erros que até então me eram de prazeres. não que deseje hoje deixar de ser torto, mas nessa manhã em que o sol não apareceu, senti saudade das luzes que não colori. e cai a ficha e sinto falta agora dos sorrisos que economizei. aquele beijo que lhe neguei na praça da matriz me faz muita falta nessa noite... queria que tivessem existidos esses instantes. debruçado no baú das minhas lembranças, vou olhando ao longe  lugares e pessoas onde não cheguei. onde não vivi. onde não deixei marcas. não desenho uma frustração, apenas um esboço para pensar no que perdi. cabe tudo numa mão em concha. as realizações e o saldo. o meu sapato de bico quadrado quase virgem em ser feliz deixou por essas avenidas tão pouco pó quantas tão poucas lembranças, deles. cabe tudo numa mão em concha. apenas queria conseguir dormir sem precisar deixar a tv ligada em alto volume. Cabe tudo em minhas mãos em concha.

sábado, 28 de maio de 2016

RESILIÊNCIA PUNK

o silêncio
assusta/incomoda
mais que
05 anos de cama
vazia
o silêncio me
assusta/incomo
da
mais que joelho dobrado
sobre caroços de milho
o silêncio me assus
ta/incomo
da
mais que o
tempo perdido
o silêncio me assusta/
incomoda mais
que carrapato no saco
o si
lêncio me assusta/in
comoda
mais que
beber água com o estômago
vazio
o silêncio
o silêncio
o silêncio
silencia o ânimo
a fé
o fogo