segunda-feira, 16 de julho de 2018

circunstância 302

ela descia a rua augusta. era uma bailarina anônima nos anos 70. ainda assim, carregava o sex appeal que lotaria qualquer macho de desejos. eu a seguindo sempre de seis a oito metros de distância para que não me percebesse. por três vezes parou frente a vitrine de lojas de sex shops. ela viajava nas peças no interior da loja e eu viajava nela, tentando imaginar qual daquelas peças mais lhe interessava, mais lhe caia bem. a despi trinta e duas vezes naqueles três momentos. números de peças que me atraíram, expostas nas vitrines. todas as peças parecem ter sido confeccionada sob medidas para ela pois, tudo lhe caia divinamente bem. um volume grande se mostrava atrás da braguilha da minha calça. incomodando até a mim mesmo. natural esse acontecimento pois a poucos passos a minha frente estava a mulher mais linda que já vi nesses quarenta e oito horas de são paulo. e se eu lhe desse um bom dia? e se eu lhe fizesse um elogio? cadê coragem... assim entre desejos e receios ela vira, me encara, sorri e fala comigo;

_tudo bem meu amor? quer fazer um programa?
meu deus, ela tem gogó. meu deus, ela tem a voz mais grave que a minha
_bom dia moça. eu sou tímido para aparecer em programa de tv. um bom dia

segunda-feira, 9 de julho de 2018

cálice

daquela manhã, na praça da matriz
guardo o gosto do remorso
do beijo que neguei
não que eu à deseje hoje
não que hoje me fariam bem, seus lábios
seria uma história a contar aos meus netos
já são tão poucas
que eu não escreveria um diário
no máximo, um bloco de notas
Deus, preciso de mais trinta segundos
e materializarei essa enciclopédia
que carrego nas sedes dos meus lábios

fotografia 104


agora 301

hoje amanheci triste
carência de não sei quem
um conhaque
uma punheta
outro corpo qualquer
não mais me satisfaz
criarei coragem para atravessar a rua e,
descobrir o que existe do lado de lá
alguém do lado esquerdo da esquina
para completar
a margem esquerda da minha poesia

sexta-feira, 6 de julho de 2018

memória 503

aquela mulher dos cabelos negros
e anelados
que dominou esse 1,90 de insanidade
durante vinho, queijo e rock n roll
morreu na madrugada de maio
num dia frio e que não me lembro
de um ano esquecido por mim
creio também, que por Deus
de herança,
imagens que realmente contam
calcinhas caleçons brancas, transparentes
ai Deus, como era bom
e depois da mais gostosa surra matinal
toda feminina e sacana em meu ouvido
sussurrava junto a ultima gota do gozo;
_vai trabalhar vagabundo

domingo, 1 de julho de 2018

LZ para anular LSD

(para sinval júnior)


não estou em são paulo
não estou em brasília
não estou em montes claros
estou dentro de 01 dilema
sem paredes, sem teto
sem olhares, sem direção
cotovelos sobre uma mesa
a mão esquerda sustentando o queixo
numa busca contra as angústias
que dominam o coração
não há tereza para salvação
vitrola sem agulha
“in through the out door”
noite sem salvação