me apetece o que me promove para a
eternidade...
o contracheque fica. o carro fica. os
títulos ficam. os bens nenhum irão junto. as conversas rasas serão esquecidas.
as superficialidades também se apagarão. todos os que acompanham nesses
momentos ocos serão os primeiros a abandonarem o navio durante as tempestades.
farei 40 anos. meia dúzia de amigos na essência. meia dúzia de filhos. toda uma
solidão, fruto dos meus tiros no escuro e que acertaram os meus pés. tenho dois
relógios.
um relógio que conta o tempo
regressivamente. o outro relógio, progressivamente. infelizmente e em
decorrência das minhas ansiedades, neuroses e tantos medos, me ative até hoje
apenas ao relógio regressivo. era o tal medo de morrer e a sede de viver. fiz
todas as merdas possíveis. era um prazer em cutucar feridas. era um gosto pelo
suicídio mesmo com medo de morrer e querendo ser imortal. vá entender... construí
as pontes mais erradas e achando que construía pontes para o futuro. numa sede
sem limites acabei tendo concepção errada da felicidade, da completude e do
próprio amor. reservei lealdade para quem no máximo, merecia um bom dia. dei
secos "bom dia" para quem merecia toda a minha lealdade.
40 anos. o outro relógio.
esse plano tão passageiro não
corresponde aos meus anseios. eu e os meus sapatos de bicos finos, rumo a tudo
que vai contra o efêmero...
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