recomeça-se do zero; recomeçar é sempre cruel e nunca é fácil. apega-se ao sólido, ao material, ao imaterial, a presença e até mesmo a própria imagem e presença. apega-se ao timbre da voz, ao perfume que usava, a cor preferida das roupas, aos filmes que assistiam juntos, as músicas que ouviam juntos, as drogas que usavam juntos, as merdas que faziam juntos e alguns se apegam até mesmo as coisas boas que faziam juntos. há os que se apegam as recordações ruins. outros se alimentam, perpetuam e sobrevivem do que não viveram. seria esse o pior desapego? desapegar-se do beijo não dado? “dos remorsos/ que trago no peito/ os que mais me machucam/ são os dos beijos negados/ lábios em remorso”. os dias passam, as noites se alongam e o tempo não se repete. as pessoas não se repetem. o fracasso se repete se permitirmos. o que vem fácil vai fácil. conquistar pede suor e tudo que é raro e ímpar, é cavacado. debruçar tem dois sentidos, um te permite o novo e o outro, te mantem refém com os cotovelos na janela. hoje eu deletei mais de 720 fotos da memória. da cabeça, do celular, do notebook e do álbum envelhecido escondido na última gaveta do armário. hoje eu me sinto pronto para recomeçar. para recomeçar inteiro, sem os vícios e sem medos. o meu coração é muito grande e muito humano para viver de passados acinzentados. já a minha alma se alimenta é para o futuro
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