...e cai a ficha que não tenho mais vinte
e um anos. e cai a ficha que não tenho mais dona tereza ao meu lado. e cai a
ficha que meus filhos cresceram e que meu netos nasceram. e cai a ficha que a flor
ainda botão não verei desabrochar. e cai
a ficha que não tenho como reverter o fator tempo e corrigir os erros que até
então me eram de prazeres. não que deseje hoje deixar de ser torto, mas nessa
manhã em que o sol não apareceu, senti saudade das luzes que não colori. e cai
a ficha e sinto falta agora dos sorrisos que economizei. aquele beijo que lhe
neguei na praça da matriz me faz muita falta nessa noite... queria que tivessem
existidos esses instantes. debruçado no baú das minhas lembranças, vou olhando
ao longe lugares e pessoas onde não
cheguei. onde não vivi. onde não deixei marcas. não desenho uma frustração,
apenas um esboço para pensar no que perdi. cabe tudo numa mão em concha. as
realizações e o saldo. o meu sapato de bico quadrado quase virgem em ser feliz
deixou por essas avenidas tão pouco pó quantas tão poucas lembranças, deles.
cabe tudo numa mão em concha. apenas queria conseguir dormir sem precisar
deixar a tv ligada em alto volume. Cabe tudo em minhas mãos em concha.
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