domingo, 20 de janeiro de 2013

abstinência do viver...


nunca fui bom nisso, de pensar no amanhã. quase sempre o amanhã é tão longe e parece ficar ainda mais longe do que naturalmente é, depois de 14 meses sem rivotril. não desenrolei nenhum desses meus sonhos, não beijei mais aquele seu fio de cabelo anelado guardado em minha carteira e minha boca só entra em atividades durante as refeições. lábios nem assoviado tem. o silêncio impera até na palma da mão. o meu cavalo de plástico sorrir mais do que eu e come as gramas mais verdes do meu pasto seco. não que acho isso ruim, gosto de montar nesse cavalo forte, bem alimentado. é que eu tenho inveja, dele, mesmo.

sábado, 12 de janeiro de 2013

sertanejo


não descansam 
pegadas de tantas eras
terra seca e de esperançoso fértil
não desanima
nem quando debruçado sobre a janela
os olhos não avistam a nuvem.
pele tal qual o chão
traçada de rugas como a palma da mão
mãos cheia de relevos
relevos de lutas e enxadas
travadas debaixo do sol
não há ônibus que o leve
é feito de fé
riqueza maior do sertão

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

última imagem do meu amor

      para Maíni


ao pé da cama,
nem saúde, nem trabalho, nem dinheiro
sem pedido pelo amor que não veio
sem pedido de coragem para o suicídio
exercício de encher o saco de Deus.
oração para você voltar
que esteja em meu colo, no café da manhã
e canto pra você;

            sol dos meus olhos
            era meu sorriso matinal
            nada escuro com você do lado
            sem você tudo é saudade
            voz rouca e desafinada
            sal e saliva espessa é o resultado
            pelas lembranças, todos os dias
            de quando você disse papai
            vovó tereza e os primos dormiam
            só você, mamãe e papai acordados
            sorriu, falou, nunca mais repetiu
            pouco depois me deixou
            meu amor que saudade,
            que saudade do seu “papai”