terça-feira, 30 de novembro de 2010

blues pela rua bocaiúva

                                   [a sholmes souto]

jurandir barbosa desce a bocaiuva
uns trocos no bolso esquerdo
uns sonhos na palma da mão
a mão no bolso direito esconde o tesão.
caminhos sem direção
a minha trilha sonora
rola sholmes souto solto num blues
numa gaita
punk.
numa gaita
azul.
numa gaita
elevação.
numa gaita
re-ve-la-ção.
fotografias em mosaicos
da mocinha de guarulhos
das árvores de goiânia
da caatinga de montes claros
da catinga de são paulo.

vago

01 poeta cru
sem cartas na manga
sem esqueminhas para depois do expediente
apenas um olhar caído em direção ao cerrado
e a moça de rosa amarela na mão.

a procura

sem pausa e paradas
sem tempo para o café
o asfalto é longo
em algum ponto ela me espera.
desconheço a sua cor
ou a cor de seus olhos
há uma pintura em meus olhos
de seus valores resistentes.
resistindo
aos tempos do modismo
e não uma "dessa" vai com as outras.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

rivotril

nesse pequeno comprimido branco
existe o paraíso
existe o capeta.
tem uma risca
para que se possa partir ao meio
em qual meio existe o paraíso?
em qual meio existe o capeta?

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

as cores de antonia

[a maria luzinete]

me tenha longe do armário
pois assim
quando partirmos
teremos existidos sem máscaras
e textos decorados.
eu partindo primeiro
deixo em você o meu grito
_da fé que não perdi,
_do beijo que não desisti,
_da moça com a rosa amarela na mão
com quem não me casei na igreja dos morrinhos.
deixo em você o meu tesão
_que não se rendeu pelos desencontros.
deixo em você os meus olhos
_que não se cansaram de te buscar ao longe.
deixo em você todos os meus medos
_mas com a paz de nunca ter ferido alguém.
deixo em você as minhas lágrimas
_das bandeiras perdidas mas levantadas.
deixo em você os meus dias
_neles construí as minhas pontes.
deixo em você as minhas noites
_nelas construí a minha eternidade.
mas em especial
deixo em você o meu sorriso
não porque ele seja mais puro que outros
e sim,
porque foi com você
que ele aprendeu a existir.

o bolo

não é de chocolate
não traz velas ou confetes
o que não acontece
desde o sexto agosto.
tem cheiro de rosa
largada
sobre um banco de praça.
sem nenhuma testemunha
por sorte.

sábado, 20 de novembro de 2010

de todas as cores - antologia psiu poético

R$ 15,ºº (frete incluso para todo o brasil) esse livro que organizei com 12 poetas participantes do 24º salão nacional de poesia.

antonio félix da silva (SC), cida buarque (RJ), fábio gonçalves (MG), ilia noronha (AM), ivone dantas (RO), joão nery pestana (SP), josé geraldo mendonça jr (MG), jurandir barbosa (MG), karla celene campos (MG), marcio adriano moraes (MG), rita de cássia câmara (MG) e valéria lins lima (CE)

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

insone

altas horas e o sono nada
para o cochilo do torto.
sem poesia
sem proposta
para o dia que nasce
a não ser
essa linha esquerda
que contorna o pensamento
e não me leva a menina dos olhos.
nem rimbaud
nem bandeira
mas com a haste dura
e sem suicídios nas cabeças...
subentenda
01 pecado entre as palavras
01 pau duro nesse tema.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

terça-feira, 2 de novembro de 2010

são paulo punk festival trash

[para rita câmara]

são paulo me come me devora me cospe
não deixa nenhum recado debaixo da porta.
são paulo não ler poesia punk com óleo de pequi
estraga tudo que trouxe na mala de rodinhas
o poeta e as poesias.
são paulo necrófila matando humanos
alimentando monstros
foda-se fodam-se fodam-me...
lema tema dilema
cabe tudo numa cachaça
são paulo é a puta que não me pariu
dona tereza é a santa padroeira de tudo.
sem jardins
sem janelas
sem olhares
so vale calcinhas e cuecas arriadas.
são paulo me matou em 1988
nem morri na primavera
nem morri de um gozo
são paulo é foda.
são paulo não vai ao sertão
são paulo não leu poesia x
são paulo existe nas escadas dos shoppings
e nas vielas dos cinemas.
são paulo não tem tempo
são paulo não tem gente
so teatros e conveniências... 

era para ser pra você

nem careta nem bobão
01 sonho lilás
01 encontro numa bolha de sabão
sem confabular frases
sem beicinhos e jargões
ao acaso.
01 ponto de ônibus
01 esbarrão pelo mercado
numa dessas noites frias
da festa do pequí.
sem improvisos.
relaxadamente solto
numa rima sem rumo
que haja
desencontro com o caos.
sem hora marcada
_para ir embora.
reencontro marcado
na praça da matriz.
beibi eu te amo não demora
tenho pressa
ser feliz não tem hora
é toda hora.

sou dona fulana

01 teto
uma tv de plasma
todos os livros
sem sentido.
fumo não fumo
cheiro não cheiro.
so de vez enquando.
trepo com todos os convites
canto sem melodia todos os rapazinhos
seja mocinho ou bandido
não descarto nenhum assédio
pernas abertas que te quero sempre.
meu clítoris - tudo é nosso
o pau
_meumeumeumeumeutodosmeus.
traço o hemoterapeuta
meu swing é com trilha de forró
pausa...
lavando fica novo
sacodindo a poeira
ageitando as tetas
pronto
la vou de novo...

a farsa

não moro em brasília
não sou latifundiário no pará
não sou nenhum cacique de manaus
nem empresário no nordeste.
não entrei pelas portas do fundo na petrobrás
não fiz contrato com nenhum estatal
não me chamo franklin martins
e nenhum puto marginal.
não sou 01 heroi.
não sou 01 mocinho.
nem nenhum sassá mutema
não batam em meu portão
meu feijão não!
quando a fichar cair,
marque uma audiência
mostre seu cartão-cidadão.

cinema 24h

nem medo nem nada
reprises dos antontis
nem cheiro de cerrado
nem cores de canela.
tudo escorregadio
como bala em boca de banguela.

números

[para gisely arante - formiga/mg]

não busco a pluralidade da cama.
_unicamente,
a individualidade do corpo.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010