domingo, 25 de abril de 2010

bilhete para um irmão

[para warlley lopez]


meu irmão
cansei desse faz de conta
ora num canto/ora noutro canto
e sempre em canto nenhum.
lembranças boas das ruas de goiania
saudades sempre desses cantos de montes claros.
não tenho ido ao cinema
nem mandado flores para a delegada
os sabores dos poemas
andam perdidos pelas ruas de manaus
não namorei a moça do ônibus
que deitou a cabeça no meu ombro
mas nos falamos ao telefone.
warlley lopez aparece num lampejo
quando penso no barro que amassei
nos amores que não pintei
e penso naqueles pães sovados
que matavam nossas fomes.
entre um surto e outro meu irmão
vou desenhando os rumos que não tomei
os tiros que não levei
as flores que não colhí
e os momentos em que não ouví dona tereza.
e como 01 + 01 é igual a 03
pode escrever que vai doer.
ainda não fizemos um show juntos
não dei uma palhinha no seu show
dricca sempre me convidava.
metido.
quero contigo levar
a capela
razante
saudade do agreste.
gutia me mandou 01 e-mail
não me mandou 01 beijo
mas amo aquele cara assim mesmo.
dona belinha na platéia
parecia uma escultura barroca
parecendo as obras do filho dela.
warley meu irmão
te amo e você mora no meu coração.
me faz 01 favor?
apague a luz e diga ao prefeito
que eu não estou.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

uma carta para que não demore

(a amiga greta marconi)

amor
te escrevo essa carta simples para te fazer um pedido, não demore.
os dias tão curtos passando e as vezes a descrença me toma e não sei em que ou no que, acreditar.
fico triste a cada por do sol que perdemos juntos.
a sua ausência se fazendo presente até em meus sonhos e a dúvida se fez em mim,  se a tive e a perdi ou se, teimosamente, aguarda algo mais acontecer.
não demore. venha logo.
esses poemas nascendo distante da luz dos olhos seu. seriam mais lindos e harmoniosos, assim como os dias, se aqui estivesse ao lado meu.
todas as noites nesse meu céu estrelado, fico a olhar estrelas imaginando qual delas emite luz maior e assim poder chama-la de minha... e você não está aqui.
sempre pergunto ao carteiro o nome do meu amor e se a correspondência dela chegou. que se chame maria, que se chame tereza, que se chame rita, que se chame marisa, que se chame ana, que se chame fernanda...
apenas sorrir e sem carta alguma para me entregar se despede me desejando um bom dia e dizendo; "_se o amor chegar, puxe ela prum canto e num beijo profano lhe diga, és minha flor..."
amor, não demore.
tenho medo e no meu único apego, brigo com Deus.
amor, quando você chegar, depois de algum tempo matando essa saudade enorme de você, quero lhe contar algumas coisas que tenho feito. quero lhe falar das brigas compradas, das guerras perdidas, do jardim da matriz que não plantei mas que florece lindamente. quero te mostrar essas minhas ruas de montes claros que por tantas madrugadas caminhei. caminhei cantarolando para o meu amor que não estava comigo. assoviei tantas vezes pra você que devo ter irritados esses moradores madrugada adentro.
amor, confesso que tentei aprender a tocar violão para impressiona-la quando aparecesse. não consegui. tentei aprender a cantar e também não consegui e, tantas vezes meu professor de canto me pediu para desistir...
mas façamos um trato, não aprendi a cantar e não aprendi a tocar violão, mas irei sempre desenha-la em todas as poesias.
amor, não demore.
não comprei um relogio de pulso e o meu celular não mostra as horas. tudo isso para não ficar ancioso, mais ainda, esperando por você.
minha coleção do tim maia te aguarda. tantas canções teremos para ouvirmos juntos.
dona tereza sua sogra anda tão cansada e doente. ela também ja te ama.
amor, quando vier, me prometa que não assistiremos BBB, não escutaremos juntos rebolachion e não iremos a nenhum show de axé e pagode. amor, apesar de te amar, minha intolerância é grande e pede sua compreensão. não me convide para assistir ana maria braga e menos ainda programas de auditórios no domingo. me ajude e me compreenda e não queira que eu assista essas novelas das 18 e 19 horas. principalmente as das 19 horas.
mas vamos falar de coisas boas. meus poucos amigos vão adorar conhecer você e, sendo você essa pessoa tão doce e humana, irá ama-los pelas pessoas que eles são.
amor, não demore.
os dias estão passando tão rapidamente.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

poesia umbilical/música heroína

(ao meu irmão roberto auad)


ginsberg incomoda
como uma torneira pingando
heróis são nossos músicos
que já não tocam nos rádios
se faz pensar não vende
se cutuca assusta
e o filho da puta bolachion
é herói na favela.
salve ó silicone
e o tédio na moça do ponto.
se assuste/se incomode
mostre os dentes
(e não sorrindo)
poeta que se cala
é a puta que se vende.
a questão que se sucinta
a burguesia podre
a periferia podresia?
se assuste beibi/se assuste beibi
e não permita ao vaticano
bolinar nossas crianças.
o inverso e o verso
é um universo de amor...
...e também um campo minado.
buuuuuuuuuuuummmmmmmm

terça-feira, 6 de abril de 2010

assovio

                          
na contra mão
torto como sou
nem me dou conta
que as buzinas
ditam os rítmos dos passos.
desembestado
lentamente apressado
e com gosto de moça bonita na boca
assovio para distrair
o teZão que o meu corpo mostra.