terça-feira, 31 de março de 2015

Homenagem - Placa Cândido Canela


eu não sei dizer, só sei sentir...


Ainda sob o efeito anestésico que foi receber a “Placa Mérito Cultural Cândido Canela”, celebração compartilhada com tantos amigos e familiares, quero neste momento agradecer a todos os presentes. Amigos e vereadores. Todos sabendo o quanto sou tímido, no momento da minha fala, que já havia tentado fazer um ensaio e tentado decorar um texto de agradecimento, me deu um branco total. É assim, sou assim, se me apontam uma câmera e um microfone, fico completamente travado e mais tímido ainda. Queria ser o João Aroldo nesta hora, o vagabo fala bem demais, numa dicção perfeita e senhor de toda uma calmaria. Eu não, sou tenso e as palavras me somem. E quase sempre choro!
Quero neste momento agradecer aos amigos, muitos, que não vejo a 10, 20 ou 30 anos, mas que foram responsáveis pela construção do que sou hoje. Primeiramente agradeço a Dona Tereza que me deu a vida e daria sua vida por mim. Agradeço ao Ronaldo, filho de Dona Raimunda que morava ao lado do hospital Clemente Faria e onde é hoje a Drogaria Minas Brasil. Ronaldo me presenteou com mais de 30 livros entre os meus 05 e 07 anos de idade. Perdi o contato e nenhum notícia tenho à 30 anos dele e de sua família. Agradeço ao parceiro Wagner Black da Kazza do Livro que conheci no fim dos anos 80 e, eu garoto sem nenhum troco no bolso, diariamente me emprestava os livros do seu sebo (o sakana me emprestava todos os livros mas não me deixava folear as revistas pornôs). Agradeço as minhas professoras Tia Solange (primário), Tia Graça (1ª série), Tia Pretinha (2ª e 3ª série) e Tia Adeir (4ª série), que verdadeiramente me ensinaram, todas na Escola Estadual Zinha Prates. Pedindo a Deus que elas estejam bem. Agradeço a Afrânio Botelho que me conhecendo tímido, me empurrou para o cenário literário. Agradeço a Dulce Veloso pelo carinho e paciência na tentativa de me fazer ator de teatro mas que me facilitou para a poesia. Agradeço a nossa saudosa poeta Carlita Guimarães que virou estrela. Carlita foi a primeira incentivadora e quem primeiramente lia os meus poemas quando garoto. Agradeço ao Eduardo Brasil e ao Artur Jr. pois ambos contribuíram para o meu tesão pela arte. Agradeço os amigos Augusto Gonzaga, Eustáquio e Wandaick Santos, amigos e funcionários do Centro Cultural Hermes de Paula, em Montes Claros, que tanto me ajudaram. Quanto ao João Aroldo Pereira creio que nem preciso cita-lo pois é sabido por todos o meu carinho e paixão por ele, companheiro de todas as primeiras horas. Quero agradecer aos amigos que partiram para o cosmo; Gabriel Cardoso, Igor Xavier, Celio Ferreira, Cori Gonzaga, Tiãozinho (nosso palhaço Piruá), Penninha, José Belem Filho... Amigos de quem absorvi muita coisa boa e me proporcionaram tantos bons momentos.
Agradeço os meus filhos Ana Clara, Maíni, Ana Victória, Ana Flor, Ítalo e Luã por me fazerem imortal. A minha irmã Lidia que mesmo entre tapas é beijo, é a minha família. A minha gratidão ao saudoso Peré (jornalista), que sempre estava pronto e solícito para divulgar nossos trabalhos entre os anos 1990 e 2010. Agradeço ao amigo querido e irmão de fé, Werley Pirapora, ser humano lindo e querido. Agradeço a poeta amiga Marlene Bandeira que tornou-se o meu útero e minha segunda morada, após a morte de Dona Tereza. Agradeço os amigos que estiveram presente na cerimônia e entrega da Placa, abrindo mão de parte de suas obrigações do cotidiano para estarem comigo e celebrarem comigo o momento. Por último, não porque ela seja a última mas, sendo a última terei mais oportunidade de acentuar sua importância, valor e luz sobre mim, Luzinete Sousa, companheira de estrada, sonhos, luas e lutas, obrigado por me fazer tão bem e por tão bem cuidar de mim mesmo sendo eu esse cara chato e nada paciente pra tudo e pra vida.

Meu carinho, gratidão e respeito a todos.

sábado, 21 de março de 2015

para paulo sérgio

não serei o seu herói
assim como não fui herói de ninguém
aliás,
nunca fui porra nenhuma
o desenho que caminha, e me deixa triste
esse adeus que teima em se  aproximar.

é claro que te amo
só assim
consigo viver nesse curral de concreto
existo nesse seu beijo
onde me acabo

sempre que retorno a montes claros
um neto torto

um avô completamente torto
poeta sem salvação.
apenas lembre-se,
poderá me encontrar, sempre
nas linhas tortas e nas palavras perdidas

terça-feira, 10 de março de 2015

porto, colo e bandeira

para marlene porto bandeira


cavalo manco
que só funciona no tranco
perdido até no compasso da respiração
sem ritmo para os bailes da vida
um poste sambando em plena avenida
girassóis sobre a estante
decorando a derrota,
criança resistindo a teimosia

agarrado em recordações
das cenas de montes claros
da amiga de montes claros

que foi porto no adeus da maior
é claro que te amo
na mesma intensidade que o cheiro
do arroz com pequi que me serve
em sua cozinha tão pequena
nesses seus pratos tão grandes e rasos
é claro que te amo tão completamente
que a dor que deveras sinto em meu peito

se alivia com a sua presença
até mesmo quando choro, aos prantos
com você me abraçando.
sei que tereza lá de cima, se emociona
se encanta e te agradece
por tão bem fazer a mim

quarta-feira, 4 de março de 2015