quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

ponto P

na curva do poema
existe um outro poema sem explicação
descompassos de respirações
fôlego tropeçando sobre letras
dois tombados, felizes
ela no poema do “A”
ele no poema do “01”
repetidamente

três anos depois
ainda não entendi aquela performance
apenas sei que foi poesia

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

ciclo

do passado só recordações
nada sobre a pele
futuro é a certeza do pó
vago e em branco o banco do cinema
o meu cavalo de plástico não cavalga mais
nas manhãs de segunda feira.
14 abelhas e 02 pequenas borboletas amarelas
em carnaval no meu jardim
na cena que me fez sorrir esta manhã.
cheguei a me sentir deus

domingo, 24 de novembro de 2013

dó}mingo

meu coração solitário
em par com a minha alma solidária
formam um lindo triângulo amoroso
com minha carne voluntária

na violência da solidão
não sei qual é mais puto

terça-feira, 12 de novembro de 2013

buffet tabaco

celebro o meu cansaço neste café frio
expectativas das promessas não feitas
interrompem o silêncio que não desejei
segunda feira muda quando o sol nasceu
na herança de dona penha,
descansa a última letra sem melodia
música que não decorei
01 violão que nunca aprendi tocar
endorfina que não veio
era o meio beijo o beijo inteiro
descobertas não descobertas
no seu corpo afro-catrumano.
retorno ao poema inacabado
na areia branca

01 poema aos seus cabelos encaracolados

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

fia

o que mais me alegrava mesmo
era está no brilho dos seus olhos
sempre que eu chegava aos sábados
as 06h da manhã
e te pegava deitada na cama
assistindo primeiramente,
aquele sorriso enorme de contentamento
eu sempre chegando silencioso
silêncio rompido com,
_é você jurandir?
hoje eu cheguei mãe
sábado, 05 de outubro
o silêncio descoberto não é mais o meu
um corpo de 40 quilos
deixou vazio esses 06 cômodos
só menos vazio que esse 1.90
(...)
linda senhora de cabelos brancos
as 06h estarei no mais profundo do sono
será mais fácil para me visitar

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

ingenuidade

eu sou quase assim,
romântico
só um pouco mais vagabundo
quero estar escrito no seu olhar
inserido em sua pele negra
e criança sem infância que sou
de nulas lembranças
brincar  nestas curvas e vulva
percurso de 1.60
hoje, seus cabelos me conduzem

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

por ora

te deixo ir, tereza
não por opção ou por fraqueza
fica a consciência da saudade contínua
te deixo ir para que descanse e seja feliz
mesmo sabendo que não me fará feliz
essa escolha contrariada.
te liberto dessa minha tirania
da minha fraqueza em assumir que te faço mal.
continuarei com o meu chinelo de couro
com os olhos de pidão
torcendo para que existam muitas esquinas
e serão suas desde sempre
todas as flores amarelas.
se já era pouco ser poeta torto, pagão
agora de vindas sem sentido
a caneta pede um tempo
a folha em branco pede férias
as mangueiras carregadas
prometem farta safra e todas as recordações

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

para imaginar os seus cabelos

(para Ana Flor)



nasci para ser par
mesmo que um raio me parta
mineiro teimoso de beira de barranco
branco só a minha pele
menino ocre por dentro
feito de toá e não de concreto
vez ou outra, a minha poesia apenas.
sou caipira e não um pirado
bitolado no bom do sertão
sem vocação para ser maria-vai-com-as-outras
sonhando ser a xita numa selva sem árvores
nem me comem por prestação
deixo ir
fico e fico inteiro pro ano que vem.
esta noite tomo um café
imaginando como estará os seus cabelos

intervalo


num breve intervalo da saudade
ontem deu aquela saudade de namorar
de fazer amor, não
deitar, abraçar e beijar na boca
ficar assim até cansar e cair em sono profundo.
o silêncio dura três anos

24h para 30 dias


subir pela cula mangabeira é um retrato triste
circular pela vilha guilhermina tão doloroso
avistar os morrinhos são as primeiras lembranças
de eu criança te vendo sair
o seu tamanco de madeira som tão recente
nestes quase 40 anos
como os últimos beijos no quarto vermelho
a 29 dias e você não me correspondia
lábios quentes sem respostas.
não fui o seu herói
mas ontem usei aquele terno
pensando nos seus sonhos que não realizei
e para ter certeza que era eu mesmo ali dentro
usava meias que não combinavam em nada

roupa tão bonitinha decorando o triste
meu amor, vem sorrir para mim

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

orfiúvo

dizem que quando morrem as mães, os filhos ficam órfãos
o que vivo é bem além disso
me sinto amputado 
viúvo
rejeitado, 
com esse desafio de Deus 
de me fazer provar enterrar mãe e filha.
quem conhece dessa dor
solta é gargalhadas
das outras desgraças da vida.

e gente chorando porque foi abandonado pela esposa, marido, amigo, 
até pela amante que nunca foi só dele.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

a busca


ainda a pouco tomei café
naquele seu velho copo de plástico
os seus lábios não estavam lá

verdade 14


perder tereza não significa apenas perder tereza
está muito além disso
é estar sem alguém no mundo
é estar sozinho em toda a tradução de "estar" sozinho
é viver sem perspectiva
de ter alguém, de verdade, do lado
é acordar todo os dias e não ter ninguém
numa tribo de quase 8 bilhões de iguais.
perder tereza não é falar da morte de tereza
é ver morrer quem me amou por completo
quem jamais me traiu
quem dividia comigo o pingo do i
e o farelo do pão.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

diálogo com quintana


sou desses poemas sem destino
com um pires na mão
perdido nessa imensidão de gente
despercebida
despercebido
que não se iludam os que atravancam o caminho
porque ainda pulsa
esse coração de passarinho


quinta-feira, 12 de setembro de 2013

matemática da ingratidão, nem poesia nem prosa

tereza que pariu 9 vezes
avó 34
04 vezes bisavó
mais feliz teria sido
se trocado tivesse feito
09 cagadas demoradas
por essas 09 trepadas amaldiçoadas
juarez, euclides, maria
eustáquio, beatriz, zezinho
aqui, bosta tem nome
jurandir, lídia, eliane
se apertarem, vão no mesmo pacote.

tereza, me diz qual a sua sina?

tereza está lá no quarto vermelho
não fala, não abre os olhos, não briga mais
aguarda apenas o sorriso de deus

            tereza de telhado tão lindo
            qual mesmo é a sua sina?

deus, sorri não
as mangueiras estão florindo
logo iremos chupar mangas

domingo, 11 de agosto de 2013

feliz dia dos pais, mãe


(para dona tereza)

meu pai tem seios murchos
caídos pela fome que me saciou
meu pai retirou seu útero
depois de ter me parido
e me levava para a escola todos os dias
que ficava a trinta metros da minha casa
meu pai não tinha nem eira, nem beira
nem um barranco para se escorar
mas me fazia dormir tranquilamente e sem medo
todas as noites ao seu lado
meu pai nunca curtiu usar batom ou brincos
mas tinha uns tamancos que me assustavam
meu pai sempre foi bem franzininha
mas ficava enorme se alguém me assustava
meu pai sempre foi uma grande mulher
mãe, parabéns pelo seu dia!


terça-feira, 30 de julho de 2013

olhando uma linda mulher dormindo


(para minha filha ana clara)

não escrevo para falar dos seus olhos azuis
nem dizer dos seus cabelos loiros cacheados
como também não escrevo
para falar da seu pele alva
pois a sua beleza
é o que menos me encanta em você
e o que menos lhe faz justiça quanto ser.
sou verdadeiramente imortal é nessa sua voz rouca
sou completo é nesses seus olhos grandes
e nessa sua timidez tão profunda
onde se esconde a minha carga genética.
eu te amo não pela biologia
mas por conseguir todas as manhãs
me surpreender tão feliz por ser tão humana,
pelos seus beijos
sempre tão gratuitos quando nos encontramos
e essas suas juras de amor,
me Deus, como me faz bem isso,
como me destrói tão gostosamente.
escrevo não para exaltar sua beleza
escrevo para te exaltar como filha
dorme meu amor,
sonhe com os seus encantos de mulher adolescente
e ao acordar pela manhã
 lembre-se que eu te amo

sexta-feira, 19 de julho de 2013

filme em preto e branco, e vermelho


nesta manhã desbotada jeans azul
traçado pelas traças como a linha da palma
puído nasce o dia cor-rompendo a noite
sol meio-posto em meio aos montes.
sem lastro para um filme
nem para cara de pau nasce o vagabundo
cara vermelha como o saldo
inspirado na marca do batom
na gola da frente
crime na manga da transeunte ao lado

sábado, 6 de julho de 2013

se chamava herói


quero um pedaço dos teus passos
um compasso dos seus tropeços
joelhos que não se curvaram
céu estrelado de todas as noites
esse cavalo não tinha marcha ré
não trotava sobre flores
sua trilha se chamava vandré
corajoso cavalo de fronte sem fronteiras
ia sempre a frente
era o meu cavalo de plástico preferido
morreu sem medo
salvou 01 mundo

sexta-feira, 5 de julho de 2013

contr(a)mau


contr(a) regra
contr(a) passo
contr(a) fluxo
contr(a) tino
contr(a) tempo
contr(a) acordo
contr(a) marca
contr(a) mão
contr(a) limitação
contr(a) ócio
contr(a) love
contr(a) intimidação
contr(a) cópia
contr(a) rendição
contr(a) (c)ontra

manifesto


(para Maria Maia E Almeida)


entre montes claros e são paulo
existe a dimensão entre um parto
e um óbito,
remoer
(re)morrer
nesses músculos faciais mortos
que caminham contrários
enquanto sigo pela avenida paulista.
 (re)vivendo consolação abaixo
helena elis em meus ouvidos
manifesto natural que estou vivo
(re)escrevendo os seus olhos
na palma da minha mão


domingo, 23 de junho de 2013

eu amo Jurandir


eu acredito nesses olhos caídos
nessas mãos inquietas
nesse jeito torto de andar
e ser
confio nesses passos largos
nesse caminhar apressado
nesses pés 42 comportando 1,88
de muita mansidão. quase sempre
acho lindo essa timidez do sertão
procurando sempre algo pelo chão
mesmo que não tenha perdido nada
nem queira encontrar nada
gosto dessa fé que alimenta
em você
no próximo
em tudo que existe e pulsa
mesmo quando perde o próprio caminho de casa

segunda-feira, 27 de maio de 2013

salve-me ana cristina cesar


eu gosto é disso
de letras pequenas
frases curtas e sem rimas
tendem a escrever longo tudo o que não presta.
escrever longo é para poucos, bem poucos
pouquíssimos
e fim de papo.
fico puto quando me pedi
para ler e criticar as suas molezas
se digo a verdade
pronto, lá vem você fazendo greve de sexo
pernas cruzadas, lábios cerrados
só me resta é ser falso
para não ficar mais 20 dias na punheta
poetisa poetisa
antes de te mandar pra puta que pariu
vai ler ana cristina cesar e ser alguém na poesia


quarta-feira, 22 de maio de 2013

fugindo do seu imediatismo


turvos são os sonhos de esquinas
límpida e sadia é a água do meu vaso
nenhum dente à mostra
nesse sorriso indecente
no convite para os gozos
velar palavras mortas e mal enterradas
mercado em promoções
alfaces em leilões para companhias
não há nada a fazer
para salvar o girassol

sábado, 18 de maio de 2013

hino 19


eu poeta feito de margens
de erros
acertos
mas sem dar margem aos medos
é o lado bom de ser torto
confuso/bi-polar/toc/diabo-a-quatro e o escambau.
salvação é busca para miseráveis
salvo de nascença é sina do gerais

hino 18


meu chão é feito de homens
e é dessas mulheres
todas as glórias do meu sertão.
passarinho canta arretado
tem no silvo o sotaque nordestino
foi esse povo que construiu
cada metro desse chão brasileiro
minas gerais minha amante linda
ensina o que é ser gente
a este povo geladeira

terça-feira, 7 de maio de 2013

tereza de montes claros


posso facilmente desenhar tereza
usando a palma da mão
as pontas dos dedos
os lábios mordidos pelas tensões dos dias
até mesmo os meus olhos caídos
facilmente desenham tereza.
tereza é amor que não se cansa
(que nunca se cansa)
seja qual for o momento
tereza é assim
prova que cabeça e coração andam em contramão
cabelo de nuvens
memória de vento
alzaimer esquece tudo
coração de tereza não esquece
aquece tudo. e todos


sábado, 4 de maio de 2013

morrinhos, meu dna


não nasci numa capital
ufa paulistano não nasci
geraizeiro benção de meu Deus
e por provocação de Deus
quase que parede e meia com uma igreja
no cume do morrinhos.
meio certo
torto e meio
filho de cantador com lavadeira
por um lado escada sem fim
por outro lado ribanceira traiçoeira
festa era todo sábado quando tereza ia ao mercado
hoje festa
só segunda feira linda

sábado, 27 de abril de 2013

a poeta. a proposta


para o bem da humanidade e para o bem da poesia
espero que tão logo 
descubram a nada sutil diferença
entre a poeta e a poetisa.
poetisa é uma tremenda de uma siririca inacabada
mau tocada como suas letras e palavras
a poeta... ah poeta
Deus te fez para salvar a raça

quarta-feira, 17 de abril de 2013

andor-andarilho


meu andor-andarilho
brinca sempre com a caixa do correio
deixa a mesma mensagem rabiscada
seja feliz e o desenho de um barquinho
todo profeta
é lindo o meu andor-andarilho.
tem nome
não é joão não é josé
nunca tem um cachorro o acompanhando
incompleto o meu andor-andarilho
sorrir olhando pro chão
está sempre calçado com chinelos de couro
de tanto ir e vir
seus chinelos nos dizem tudo
ele nunca diz nada
apenas sorrir tão lindamente banguela

um outro sol

sexta-feira, 12 de abril de 2013

percussão para o dia D


macumba bate pino
é percussão em meu ouvido
herança da áfrica que ainda não fui
lembrança diferente do agora
é sinfonia da silenciosa e muda noite fria
lençóis limpos para ter algo limpo
sexta feira não é segunda-feira
medem-se a distância de 03 dias
léguas para sorrir.
fica uma flor adubada
com férteis fotos, livros, artigos de revistas,
e recortes de jornais.
beibe, deixo do lado da cama
o meu valente cavalo de plástico
valente todos os dias
e não apenas na segunda feira
valente adora a grama sempre fresca
ao redor da sua árvore no sapucaia.
bate beat bate pino
tão distante essas 72 horas

quinta-feira, 4 de abril de 2013

rapidinha


gosto desse dia frio de são paulo
de estranhas pessoas frias
a grande benção de são paulo
começa em minas e termina no nordeste
ô povo lindo esse
que além de progresso
trazem vida para este curral de concreto.
são paulo e seus nativos nos intervalos
ai como dói
ai como é bom

sábado, 23 de março de 2013

para karla celene campos


um discurso na ponta da língua
uma bala no dedo que aponta
é da espécie que caminha vertical
cheios deles e cênicos pelas ruas
natural é sentir medo
não são humanos, são homens
ensaios de demônios em terra santa de deus.
meus heróis morreram em vão
o meu sertão não virou mar
04 dedos e o seu curral
é  compadre daquele que não é parente
e em nada próximo, do águia de haia.
berra berra berra vaca
itaquerão é o futuro da nação
berra berra berra vaca
em 2015 acordaremos no primeiro mundo
poetas poetas poetas
a consciência é como um cu
nem todos fodidos
onde muitos nem com todo shampoo íntimo,
deixa de feder merda.

ó deus salve casa santa
ó deus salve casa santa
ó deus salve casa santa
deixai apenas os animais
oiá

terça-feira, 19 de março de 2013

o marginal


sou esse vagabo confesso
assumidamente dependente de beijos
e com olhos que descansam
em todos os sorrisos alheios
sou vagabo por completude
por completo é o meu amor
me agrada é calor de alma
não apenas de entranhas
sou tão mais feliz quando ouço sua voz
diferente, de quando estou em outras camas
sou vagabo por vontade divina
só Deus sabe, eu não sei porque
nasci assim,
banco de praça
dedo de prosa
causos de roça
cheiro de chuva
terra molhada
abraço amigo
comunhão de sonhos
café com pão
todos iguais
sou vagabo.
e sempre braços abertos

sábado, 9 de março de 2013

depois de amanhã


tristeza de fim de semana
não estou em montes claros
não estou na melo viana
minhas plantas ainda não brotaram
minha tulipa caiu as flores
sozinho entre 11 milhões de habitantes
48h para segunda feira.
quero ser é jurandir
vagabo de olhos caídos
que a tempos não espreitam
a lua a meia noite
e as negras pelos dias.
que fique bem claro
quero ser comido pelos relevos
não pela tinta da caneta
por ora
basta desta poesia com cheiro de mulher
quero é mulher com efeito de poesia

quinta-feira, 7 de março de 2013

conjugação


é suficiente o toque
para acordar o instante
é calor de pele.
o fogo das entranhas
no gozo das entrelinhas


quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

estranhosidades


ainda a pouco vi um vulto
passou tão reto e não me percebeu
ao meu lado, quase me tocando
as luzes todas acesas
sumiu pela porta e não reconheci

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

werley somos amarelos

(para Werley Pirapora)

era o menino sentado na praça
olhar tão miúdo
de quem não queria nada.
era o menino ligeiro nos sonhos
nariz coçando e irritado
traçando planos
que nunca chegavam a lugar algum.
era o menino do interior
calado do sol ao luar
papel e caneta em sua mão esquerda
olha o bobo olha o bobo
ninguém a entender nada.
era só um menino invisível dos pés a cabeça
montado sobre um enorme cavalo de plástico
ouvindo belchior.
amarelo era a cor da sua calça
e das suas meias.


segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

recado para a falecida

saudade da minha pele se arrepiando
do meu respirar mais afoito

das minhas mãos ansiosas
dos meus lábios secos
do meu pau duro
saudade até do pigarro na garganta
efeitos que você causava quando se aproximava.
descanse em paz beibi
eu não cheguei nem aos 40

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

apoesia


na verdade
quero inventar ação, palavras são acasos
transformar ensaios
em concretização

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

quem sabe amanhã


não que eu seja afoito, apenas é urgente essa vontade de cantar. não que o meu rádio esteja quebrado, apenas a melancolia das mesmas músicas decoradas não me animam mais a liga-lo. não que eu perdi o gosto de cavalgar pela madrugada com o meu cavalo de plástico, é que o meu cavalo é sensível e se cansou das mesmas imagens. ainda penso que a poesia salva vidas mas cansa escrever por escrever tendo o vazio como mote. ter dentes sadios e não sorrir, para que serve? é mais belo um sorriso banguela. é verdadeiro.  é ver a noite chegar, a cama chamar, e nada para sonhar com o dia de hoje. doloroso não é o vazio. doloroso é a falta total de expectativas. amem.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

hoje


é claro que o meu dia é lindo
é claro que me reencontro na noite
é claro que não saltei do trem
é claro que não há estações
é claro que não cortei os pulsos
é claro que meu cavalo de plástico é manco
é claro que não fui ao meu velório
é claro que não nasci para ser herói
é claro que não nasci para andar só
é claro que não te encontrei
é claro que acho a vida linda
é claro que tereza será sempre a primeira
é claro que antes serão as 3 anas, maíni, ítalo e luã
é claro que antes serão marcos, jhou, camila e gracielly
é claro que antes vem o serginho
é claro que meu cordão umbilical não foi cortado
é claro que não nasci para ser doutor
é claro que não nasci para ter carro importado
é claro que nasci para barracão

so não sei onde me encontrar

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

carnaval


joaquim barbosa é a máscara mais vendida para o carnaval...
ninguém fala mais do mensalão...
ninguém fala mais do stf...
joaquim barbosa é a máscara mais vendida para o carnaval...
ricardo levandovisqui (isso é russo?) ninguém fala nada...
não choram mais pelas vitimas do batomuchi
não choram mais por chernobil
joaquim barbosa é a máscara mais vendida para o carnaval...
não choram mais a morte de isabela nardoni
ninguém mais chora a morte de madre teresa
exceto familiares, já não choram os mortos de santa maria/RS 
joaquim barbosa é a máscara mais vendida para o carnaval...
não lembram e não choram os 42 mortos do shopping de osasco
não choram mais os 199 mortos do avião da tam em congonhas
joaquim barbosa é a máscara mais vendida para o carnaval...
não lembram mais os mortos da cratera feita no metrô de são paulo
não lembram mais e nem choram as vitimas do maníaco do parque
joaquim barbosa é a máscara mais vendida para o carnaval...
não choram as vítimas inocentes mortas por policiais
não choram as vítimas mortas por bandidos
joaquim barbosa é a máscara mais vendida para o carnaval...

choro de telespectador e ouvintes, são lágrimas de crocodilos

joaquim barbosa é a máscara mais vendida para o carnaval...

domingo, 3 de fevereiro de 2013

amanhã segunda feira


nasci para ser só
em terra de ninguém
rostos soltos pelas ruas
sem tempo para um tempo
ninguém olhando para os lados.
nasci para ser só
não por conveniência/ não por vontade própria
por falta de opção
dia curto/noite longa
brincar de criar personagens
fantasiar amanhãs.
nasci para ser só
amanhã será segunda feira.

domingo, 20 de janeiro de 2013

abstinência do viver...


nunca fui bom nisso, de pensar no amanhã. quase sempre o amanhã é tão longe e parece ficar ainda mais longe do que naturalmente é, depois de 14 meses sem rivotril. não desenrolei nenhum desses meus sonhos, não beijei mais aquele seu fio de cabelo anelado guardado em minha carteira e minha boca só entra em atividades durante as refeições. lábios nem assoviado tem. o silêncio impera até na palma da mão. o meu cavalo de plástico sorrir mais do que eu e come as gramas mais verdes do meu pasto seco. não que acho isso ruim, gosto de montar nesse cavalo forte, bem alimentado. é que eu tenho inveja, dele, mesmo.