sábado, 26 de dezembro de 2015

saudade nº 07

o silêncio no meu corpo
só não é maior que a saudade
daquela moça do sertão
que me deixou a quase 03 anos
eu que nunca guardei datas e,
andarilho que sempre fui
depois disso, sim, fiquei só
a dor que tenho no peito

é a dor de não ter para quem voltar
e ninguém para me receber

homem triste que era, mais fiquei
vivo de recordações
te aguardando em meus sonhos
sempre as 05h da manhã


terça-feira, 17 de novembro de 2015

o oco (dos pés a cabeça)

sua bolsa importada
seu sapato tal grife

sua cueca transada
sua lingerie tão sensual
sua camisa com um bordado jacaré
seu tailer com o corte perfeito
esse vestido chiquérrimo
o seu carro zero e completo
suas excursões para londres e paris
seus botox a cada cinco anos

esses seus vinhos tão caros
essas suas taças de cristais
esse perfume nada barato
esses cremes absurdamente caros
que nada lhe rejuvenesce
...esse
...essa
...tudo isso
nada preenche o conteúdo que lhe falta

sábado, 7 de novembro de 2015

canção para tereza

quando eu te conheci
você já me conhecia
eu chegava, você sorria
não tinha tempo ruim
que te fazia desistir de mim
desistir de me fazer feliz,
você era assim
seu sorriso iluminava os meus dias
suas mãos aliviavam minhas dores
seu colo mantinha vivo os meus sonhos
seu carinho era o sentido da minha vida
quando os seus olhos se encontravam com os meus
era incondicional, verdadeiro e puro amor
a sua boca se privava do prato
para me ter corado e farto
é claro que eu choro todo dia
a saudade
a falta que você me faz é mais forte
bem mais forte que toda força que há em mim

domingo, 20 de setembro de 2015

avenida são paulo

(para Mara de Aquino)          


nessa resistência
em não escrever poema de amor
se há experiência vazia
há folhas sempre em branco
tão quão o pensamento
que me remete angustiado
esperançoso
para essa segunda feira.
avenida são paulo é uma fase
mesmo que escravo alforro
fecha os olhos  para a porta da senzala
aberta
mãe neguinha arrasta
mesmo estando distante, arrasta
dimensões não rompem o cordão
isauro clausurado a qualquer hora abre os olhos
Deus existe onde o sol não descansa
imaculado o chão
imaculado o chão
imaculado o chão
senhor de toda essa saudade.
avenida são paulo, teu rabo é sujo
avenida são paulo é fase
avenida são paulo é de fases
avenida são paulo já passou
avenida são paulo sempre cheia vai morrer sozinha
avenida são paulo não existe
avenida são paulo são pernas abertas,
onde todos entram e ninguém fica
avenida são paulo come todos
mas quem come não sente saudades.
ficam dois corações
um volta para o sol
arrebentado

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

vago

dizem que no coração da gente
cabe tudo.
é verdade!
cabe até o vazio
que não cabe no universo

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

justificativa



eu sou desses que não acerta
que não conserta
que não tem conserto
se miro – erro
se não miro – erro do mesmo jeito
tiro no escuro é o certo tiro no pé.
não acredito em mitos
porra, nasci num mês de agosto
vai ser sortudo assim lá na bomfim
nasci do lado, parede com um puteiro
enquanto a maioria das crianças ouvia
“nana neném, que a cuca vai pegar...”
eu não, comigo era menos suave
“mais... mais... para não/para não... haaaaa”
como alguém pode esperar que eu seja santo?
nem num hospital tive o privilégio de nascer
dona tereza me pariu em casa
no último degrau de uma escada

que parecia não ter fim
minha vida seguiu assim, sem rima
ladeira para ir,
ladeira para vir
olha, desisto
é crueldade demais alguém ainda desejar
que eu seja normal

 

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

amarelinha

a pedra no meio do caminho
é passa tempo
obstáculo é a solidão que me acompanha
pelo meu caminho inteiro

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Mercado editorial e autores...


Mercado editorial e autores, a árdua batalha da publicação.

Muito antes de ser um aprendiz de editor, sou escritor e conheço na pele a propriedade da batalha que é publicar um livro. Conheço a fundo a decepção dos "nãos" e o bater da porta de tantos editores e editoras. De ontem para hoje estive acompanhando algumas postagens se referindo justamente a esse tema aqui no Linkedin. O mercado editorial é o mais cruel entre todos as atividades empresariais, correm tantos riscos os editores, autores e também leitores pois diante da dificuldade que é publicar, tantas obras maravilhosas acabam sendo engavetas e esquecidas. O mercado foi humanizado e socializado com o surgimento do "on demand" ou "sob demanda" na tradução da nossa linda língua portuguesa. Falarei do "sob demanda" um pouco mais a frente.  

Creio que 85% de todos os livros negociados sejam em grandes redes ou consumidos por programas do governo são publicados por no máximo 5 editoras e distribuídos por 3 ou 4 grandes empresas da área. Nessa rede de publicação, distribuição e comercialização, o único a não correr os riscos são os distribuidores, no máximo a menor das despesas que é a entrega e o recolhimento  mas como já tem o compromisso das entregas dos livros ditos comerciais, os recém chegados ao mercado, autores e títulos, não agregam uma despesa considerável e são os menores entre os fardos. As grandes editoras consomem quase que a totalidade das verbas federais e outras, para aquisição de títulos e nessa batalha os lobistas (agenciadores) são fundamentais. As pequenas editoras salvo casos poucos, não conseguem vender. Livros não vendidos são prejuízos 100%. Todo o processo de editoração, gráfico, registros e pequenas taxas são assumidos pelas editoras. Um livro hoje numa "tiragem de risco" de 2.000 exemplares para pesquisa e apresentação no mercado, num bom trabalho gráfico pode chegar ao custo de R$12.000,00 apenas em sua produção, incluindo nesse valor custos com logística e divulgação. Valor consideravelmente alto, se uma editora perder em dez apostas em um ano, serão pelo menos R$100.000,00 reais perdidos. Uma fábula esse valor, perda que uma pequena editora não conseguirá absorver. 

O autor muitas vezes fica refém das editoras quando fazem esses contratos de 24 meses ou mais, com uma margem de lucros que pode chegar ou passar um pouco mais os 14% mas sempre na dúvida de; "será que vendi só esses 14 exemplares de fato ou estou sendo lesado?" Autores recém-ingressos nas publicações estarão sempre à margem dos riscos e das dúvidas. Fato. 

Meu primeiro livro publiquei de forma independente em setembro de 1998 depois de ouvir sonoros nãos de editoras, uma queria um contrato de 24 meses e com 11% de comissão, porém queria que eu alterasse algumas expressões do livro e que recusei pois é a minha identidade ali, aliada a minha proposta da oralidade e da plástica. Sou um poeta que passeio entre o beat, o marginal e o concreto, jamais aceitaria tal sugestão. Ainda sofremos essa batalha que é a imposição aos iniciantes por parte de alguns editores. Consegui recuperar com muito trabalho 80% do valor investido. Dos meus 04 títulos publicados, apenas um me trouxe uma razoável rentabilidade.  Um foi uma troca de seis por meia dúzia. Dois eu perdi pouco. Sou cauteloso com o sistema "sob demanda", mas ainda assim considero como uma ferramenta de humanização para a realização do autor. Publicar para mim é humanizar. Sempre oriento os autores que me procuram para publicar nesse formato a terem muita cautela e sempre pergunto, irá usar cartão de crédito ou possui o capital? Sempre oriento a NUNCA criarem gastos acreditando que irão recuperar o investimento através da venda de exemplares. Um risco enorme e a maior probabilidade é que não irá conseguir cobrir os custos com as vendagens boca a boca. Quem tem renda pouca e paga prestações como aluguel, consórcio e outros gastos, evitem esses riscos ou irão tirar da boca para cobrir os custos do seu livro caso não tenha uma reserva. Se o autor ainda assim deseja fazer o seu livro de forma independente e pensa em gastar algo em torno de R$5.000,00 eu sugiro a cautela e invista no máximo R$3.000,00 e faça uma poupança com o valor restante. Exceto para quem possui a certeza que irá vender muitos exemplares, certeza que eu nunca tenho em relação aos meus livros. Pensando em tiragem de 1.000 exemplares? Faça 500 exemplares e vendendo tudo, solicite uma reimpressão. Pensando em 500 exemplares? Faça 300. A cautela é a maior recomendação nesse mercado cruel e concentrado em poucas editoras e poucos autores.

Se o seu livro não fala de vampiros, zumbis e não tenham muito sexo e futilidade, as possibilidades da sua obra ficar encalhada são enormes. Que fique claro, não escrevo com a intenção de desanimar e desmotivar as publicações independentes, sim, como autor compartilhar com as cautelas. Nicolas Bher, poeta genial de Brasília-DF conseguiu vender mais de 8.000 exemplares de um dos seus livros independentes assim como também o poeta Rogério Salgado, de Belo Horizonte-MG vem desenvolvendo um belo trabalho independente já por vários anos, mas a luta é dolorosa, exaustiva e que pede toda a dedicação.

Traz muito prazer, pede muita serenidade.

quarta-feira, 29 de julho de 2015

desenho para Gino, poeta amigo

ALMA SIAMESA
 
quero registrar o amor
não numa folha de papel
quero registrar o amor na minha pele,
no meu beijo inteiro
 
 
essa uma alma siamesa nossa busca tão constante, procura interminável pelo desenhar dos caminhos já percorridos e dos beijos já trocados. cada dia parece mais distante por mais longe que nossos olhos cheguem e todos os horizontes observados. não perco a fé mas as vezes bate aquela desesperança. mais fácil arriar as calcas que encontrar um colo. mais fácil encontrar camas disponíveis e rolar sobre tantos lençóis, que compartilhar um por do sol na serra do sapucaia ou no parque ibirapuera. essa relação em regime de comunhão total de sonhos parece existir apenas entre nós e nossos escritos, entre nossas canetas e nossas folhas de papéis... trepar é fácil, difícil mesmo é sair de mãos dadas pelas ruas e vislumbrar o nascer do sol, acompanhados.
  
p.s: continuemos aguardando aquela trilha sonora
 

sexta-feira, 17 de julho de 2015

hipocrética nº09

nunca gostei desses poemas de amor
de suas rimas artificiais
de suas lágrimas tão secas

mas as vezes cansa brindar esse vazio
o silêncio do lado
ainda mais sabendo que ninguém te espera
quando o dia amanhecer
já que a noite é um velho script decorado e repetido.
cansa celebrar esse vinho e esse vazio
tendo apenas a boca da garrada como companhia,
assim como cansa reler o poema
daquele poeta amigo que não conseguiu entender
um pedido numa noite fria
e nem mesmo sabe o porque
do poema que me enviou
isso aqui não é um poema
apenas um poeta vazio
do coração até o coração

quarta-feira, 24 de junho de 2015

para walber batinga pinheiro

sou desses homens nus
do instante em que acordo
ao decorrer de todo o dia

durante também o pouco sono
seja profundo ou raso
preciso ser nu
é um estado de completude,
consciência e paz
ser nu para namorar esses desenhos
que ensaiam numa moldura

um verdadeiro balé
ultrapassando essa tela
ser nu desenha o que sou

do bom dia do meu porteiro
ao sorriso gratuito
da senhorinha pedinte na esquina

ser nu é um estado/graça ou sei lá o que
de nunca estar sozinho


quinta-feira, 11 de junho de 2015

saudade nº17

prefiro rosas amarelas, ou laranjas
de preferência, que sejam de praças públicas,
canteiros ou jardins de amigos
também
as que se esparramam sobre muros vizinhos
posso sempre me presentear
sejam amarelas, ou laranjas

não que eu não goste das outras
é que amarelo me lembra o sol,
porque de onde venho

o ano inteiro é verão.
e o laranja, o laranja
o laranja me remete todo dia
de volta ao meu sertão

terça-feira, 19 de maio de 2015

desapego

nesse querer torto que existe em mim
cambaleiam os sonhos de vagabundo
do querer
do ir não ir, sair do lugar
não estando em lugar algum
esse corpo aí é só um corpo
claro que durmo maravilhosamente só

todas as noites
o outro extremo do meu cordão umbilical
que de fato era eu,  apenas eu
não me visita mais as 04h
solidão é isso
o resto é resto

segunda-feira, 13 de abril de 2015

plenitude


o que me deixa feliz em ser torto é que, nenhuma opinião alheia sobre o que uso, visto, calço ou consumo me atenta. eu sou chiqui é de natureza, é da minha essência e do meu estado de espírito ser chiqui. a marca da calça que uso e que nunca custa mais que R$40,00 não me faz mais ou menos bonito. eu nasci lindo por completude. as camisas que compro e nunca me custam mais que R$30,00 ficam tão lindas em mim quanto as de R$100, R$200,00 ou até mais cara, que tantos se prendem em consumir por achar que serão mais observados. quando eu nasci dona tereza disse "como é lindo esse meu cabelo de algodão" e porque me atentaria as opiniões adversas que quase nunca traz o real valor do que sou? adoro me olhar no espelho, perceber essa minha beleza que imperceptível para alguns, incomoda muito esses mesmos alguns. o meu perfume de R$15,00 é só um detalhe porque a minha fragrância natural de tão maravilhosa que é, não se encontra nessas lojas e revistas. dona tereza me beijava todos os dias e dizia; "a sua pele macia". então porque pagarei mais que R$20,00 num creme corporal? adoro me olhar no espelho. não sinto falta da moto que tive que vender para pagar dívidas e nem tão pouco do carro, me faz falta mesmo são aqueles beijos inteiros não dados. eu não dependo de outros para existir, o meu travesseiro me conforta todas as noites e durmo, mesmo que por poucas horas, tão confortavelmente. o único bem que me interessa é ser lembrado bem pelos amigos quando eu partir. e nada mais. não necessito de terapias e tão pouco crio personagens de autoafirmação para mim. é simples. sei quem sou, o que sou e para onde quero ir.

sexta-feira, 3 de abril de 2015

"Outras Pelejas" - nosso novo livro

queridos amigos, nosso novo livro já está a venda.

"outras pelejas"
80 páginas
Editora Catrumano
ISBN: 975.85.64471.32.0


pedidos: 
catrumano@catrumano.com.br
poetajurandir@gmail.com

 
R$20,00 (frete incluso)



terça-feira, 31 de março de 2015

Homenagem - Placa Cândido Canela


eu não sei dizer, só sei sentir...


Ainda sob o efeito anestésico que foi receber a “Placa Mérito Cultural Cândido Canela”, celebração compartilhada com tantos amigos e familiares, quero neste momento agradecer a todos os presentes. Amigos e vereadores. Todos sabendo o quanto sou tímido, no momento da minha fala, que já havia tentado fazer um ensaio e tentado decorar um texto de agradecimento, me deu um branco total. É assim, sou assim, se me apontam uma câmera e um microfone, fico completamente travado e mais tímido ainda. Queria ser o João Aroldo nesta hora, o vagabo fala bem demais, numa dicção perfeita e senhor de toda uma calmaria. Eu não, sou tenso e as palavras me somem. E quase sempre choro!
Quero neste momento agradecer aos amigos, muitos, que não vejo a 10, 20 ou 30 anos, mas que foram responsáveis pela construção do que sou hoje. Primeiramente agradeço a Dona Tereza que me deu a vida e daria sua vida por mim. Agradeço ao Ronaldo, filho de Dona Raimunda que morava ao lado do hospital Clemente Faria e onde é hoje a Drogaria Minas Brasil. Ronaldo me presenteou com mais de 30 livros entre os meus 05 e 07 anos de idade. Perdi o contato e nenhum notícia tenho à 30 anos dele e de sua família. Agradeço ao parceiro Wagner Black da Kazza do Livro que conheci no fim dos anos 80 e, eu garoto sem nenhum troco no bolso, diariamente me emprestava os livros do seu sebo (o sakana me emprestava todos os livros mas não me deixava folear as revistas pornôs). Agradeço as minhas professoras Tia Solange (primário), Tia Graça (1ª série), Tia Pretinha (2ª e 3ª série) e Tia Adeir (4ª série), que verdadeiramente me ensinaram, todas na Escola Estadual Zinha Prates. Pedindo a Deus que elas estejam bem. Agradeço a Afrânio Botelho que me conhecendo tímido, me empurrou para o cenário literário. Agradeço a Dulce Veloso pelo carinho e paciência na tentativa de me fazer ator de teatro mas que me facilitou para a poesia. Agradeço a nossa saudosa poeta Carlita Guimarães que virou estrela. Carlita foi a primeira incentivadora e quem primeiramente lia os meus poemas quando garoto. Agradeço ao Eduardo Brasil e ao Artur Jr. pois ambos contribuíram para o meu tesão pela arte. Agradeço os amigos Augusto Gonzaga, Eustáquio e Wandaick Santos, amigos e funcionários do Centro Cultural Hermes de Paula, em Montes Claros, que tanto me ajudaram. Quanto ao João Aroldo Pereira creio que nem preciso cita-lo pois é sabido por todos o meu carinho e paixão por ele, companheiro de todas as primeiras horas. Quero agradecer aos amigos que partiram para o cosmo; Gabriel Cardoso, Igor Xavier, Celio Ferreira, Cori Gonzaga, Tiãozinho (nosso palhaço Piruá), Penninha, José Belem Filho... Amigos de quem absorvi muita coisa boa e me proporcionaram tantos bons momentos.
Agradeço os meus filhos Ana Clara, Maíni, Ana Victória, Ana Flor, Ítalo e Luã por me fazerem imortal. A minha irmã Lidia que mesmo entre tapas é beijo, é a minha família. A minha gratidão ao saudoso Peré (jornalista), que sempre estava pronto e solícito para divulgar nossos trabalhos entre os anos 1990 e 2010. Agradeço ao amigo querido e irmão de fé, Werley Pirapora, ser humano lindo e querido. Agradeço a poeta amiga Marlene Bandeira que tornou-se o meu útero e minha segunda morada, após a morte de Dona Tereza. Agradeço os amigos que estiveram presente na cerimônia e entrega da Placa, abrindo mão de parte de suas obrigações do cotidiano para estarem comigo e celebrarem comigo o momento. Por último, não porque ela seja a última mas, sendo a última terei mais oportunidade de acentuar sua importância, valor e luz sobre mim, Luzinete Sousa, companheira de estrada, sonhos, luas e lutas, obrigado por me fazer tão bem e por tão bem cuidar de mim mesmo sendo eu esse cara chato e nada paciente pra tudo e pra vida.

Meu carinho, gratidão e respeito a todos.

sábado, 21 de março de 2015

para paulo sérgio

não serei o seu herói
assim como não fui herói de ninguém
aliás,
nunca fui porra nenhuma
o desenho que caminha, e me deixa triste
esse adeus que teima em se  aproximar.

é claro que te amo
só assim
consigo viver nesse curral de concreto
existo nesse seu beijo
onde me acabo

sempre que retorno a montes claros
um neto torto

um avô completamente torto
poeta sem salvação.
apenas lembre-se,
poderá me encontrar, sempre
nas linhas tortas e nas palavras perdidas

terça-feira, 10 de março de 2015

porto, colo e bandeira

para marlene porto bandeira


cavalo manco
que só funciona no tranco
perdido até no compasso da respiração
sem ritmo para os bailes da vida
um poste sambando em plena avenida
girassóis sobre a estante
decorando a derrota,
criança resistindo a teimosia

agarrado em recordações
das cenas de montes claros
da amiga de montes claros

que foi porto no adeus da maior
é claro que te amo
na mesma intensidade que o cheiro
do arroz com pequi que me serve
em sua cozinha tão pequena
nesses seus pratos tão grandes e rasos
é claro que te amo tão completamente
que a dor que deveras sinto em meu peito

se alivia com a sua presença
até mesmo quando choro, aos prantos
com você me abraçando.
sei que tereza lá de cima, se emociona
se encanta e te agradece
por tão bem fazer a mim

quarta-feira, 4 de março de 2015

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

para jack kerouac



poesia é a luta
poesia é o pão
poesia é o suor
poesia é o dia
poesia é a noite
poesia é viver
poesia é o parto
poesia é o luto
poesia é o mote
poesia é a morte
poesia é a carne
poesia é o sangue
poesia é o gozo
poesia é a saliva
poesia é a privada
poesia é o existir
poesia é o sorriso
poesia é o gemido
poesia é a punheta
poesia é a siririca
poesia é o beijo
poesia é o abraço
poesia é o olhar
poesia é o silêncio
poesia é o berro
poesia poesia poesia
poesiar

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

josé geraldo mendonça júnior

para peninha
 

quero dizer que te amo
não na força da carne
te amo na essência ingênua que traz
em seus olhos
na poesia universal que te domina.
você brinca
você sorri
e a poesia sempre ali
presente no homem-menino
você é poeta
eu sou poeta
e invejo a sua criação e obra
fala muito solto e sem timidez
dos temas amores, sorrindo
talvez seja esse o segredo
ser menino na poesia

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

elevação

a vagina nua,

sem nenhuma grama em seu jardim
senti no ar
todo o calor de um pau ansioso.

lábios carnudos de quem conhece
tão bem

e tão à fundo a vida.

a fome eleva a textura da pele
pupilas dilatadas denunciam tudo
a respiração
a pressão sanguínea
a boca seca
aquele pigarro na garganta
denunciam o que vem a seguir.
hora de tomar banho