terça-feira, 30 de julho de 2013

olhando uma linda mulher dormindo


(para minha filha ana clara)

não escrevo para falar dos seus olhos azuis
nem dizer dos seus cabelos loiros cacheados
como também não escrevo
para falar da seu pele alva
pois a sua beleza
é o que menos me encanta em você
e o que menos lhe faz justiça quanto ser.
sou verdadeiramente imortal é nessa sua voz rouca
sou completo é nesses seus olhos grandes
e nessa sua timidez tão profunda
onde se esconde a minha carga genética.
eu te amo não pela biologia
mas por conseguir todas as manhãs
me surpreender tão feliz por ser tão humana,
pelos seus beijos
sempre tão gratuitos quando nos encontramos
e essas suas juras de amor,
me Deus, como me faz bem isso,
como me destrói tão gostosamente.
escrevo não para exaltar sua beleza
escrevo para te exaltar como filha
dorme meu amor,
sonhe com os seus encantos de mulher adolescente
e ao acordar pela manhã
 lembre-se que eu te amo

sexta-feira, 19 de julho de 2013

filme em preto e branco, e vermelho


nesta manhã desbotada jeans azul
traçado pelas traças como a linha da palma
puído nasce o dia cor-rompendo a noite
sol meio-posto em meio aos montes.
sem lastro para um filme
nem para cara de pau nasce o vagabundo
cara vermelha como o saldo
inspirado na marca do batom
na gola da frente
crime na manga da transeunte ao lado

sábado, 6 de julho de 2013

se chamava herói


quero um pedaço dos teus passos
um compasso dos seus tropeços
joelhos que não se curvaram
céu estrelado de todas as noites
esse cavalo não tinha marcha ré
não trotava sobre flores
sua trilha se chamava vandré
corajoso cavalo de fronte sem fronteiras
ia sempre a frente
era o meu cavalo de plástico preferido
morreu sem medo
salvou 01 mundo

sexta-feira, 5 de julho de 2013

contr(a)mau


contr(a) regra
contr(a) passo
contr(a) fluxo
contr(a) tino
contr(a) tempo
contr(a) acordo
contr(a) marca
contr(a) mão
contr(a) limitação
contr(a) ócio
contr(a) love
contr(a) intimidação
contr(a) cópia
contr(a) rendição
contr(a) (c)ontra

manifesto


(para Maria Maia E Almeida)


entre montes claros e são paulo
existe a dimensão entre um parto
e um óbito,
remoer
(re)morrer
nesses músculos faciais mortos
que caminham contrários
enquanto sigo pela avenida paulista.
 (re)vivendo consolação abaixo
helena elis em meus ouvidos
manifesto natural que estou vivo
(re)escrevendo os seus olhos
na palma da minha mão