terça-feira, 30 de agosto de 2016

uma carta para cristovam buarque

carta que enviei ao senador cristovam buarque. por ora, sem resposta

senhor cristovam buarque, quase vinte anos atrás eu li a sua fala numa universidade nos estados unidos e me emocionou muito aquela fala. do seu patriotismo e da honra em ser brasileiro. me orgulhou quando respondeu a um presente que lhe perguntou o que senhor pensava da internacionalização da amazônia. a sua resposta foi a fala e o texto mais lindo que um brasileiro poderia fazer. a sua resposta foi digna de ser tida como uma composição maior que qualquer uma que o chico buarque tenha escrito. a sua resposta ao presente que lhe fez a pergunta foi mais patriota, profunda e rica que o hino nacional. de 2009/2010 para cá tenho acompanhado as suas falas e atos. decepcionante. se rendeu ao PSDB, masturbou o psdb. se ofereceu ao psdb.

voltando à sua fala-resposta ao presente na universidade norte-americana, vejo que ela foi hipócrita, pois a sua ação nos últimos 8 anos não honra a grandeza da sua fala. o senhor, depois de uma resposta daquela (que me levou a uma crise de choro), se contradiz ao render-se ao michel temer, ao psdb, à fiesp e aos senhorios dos casarões. de higienóplis. todos esses com o seu apoio estão entregando o nosso patrimônio e estando a serviço do FMI, dos escravocratas e do imperialismo norte-americano. fique claro, não sou militante petista. não votei na dilma em 2010. não votei no lula em 2006. votei na dilma no segundo turno em 2014 por falta de opção. e na time line das minhas redes sociais pode-se verificar que entre 2003 e 2016 eu critiquei com muita propriedade todos os desmazelos (muitos) do PT e sua corja. ainda assim, defendo o governo dilma. primeiro, pela democracia. segundo, pela falta de crime. terceiro, por saber do real interesse desse impitiman. lastimável saber que um homem com a sua trajetória se rendeu ao nefasto do político. termino dizendo que não sou um intelectual como o senhor. não sei escrever e pensar com tamanha grandeza gramatical, etimológica e sou todo coloquial, mas conheço e entendo de caráter. de valores. de compromissos e de amor. 
o senhor despossui esses valores quando se rende a esse "acordo de calhordas" quando tentam derrubar um governo legítimo, democrático e sem crimes. 
se fosse outro político fazendo o que o senhor faz nesse momento (desde 2009) eu nem observaria, mas sendo um senhor que eu tinha como alguém da mesma linhagem do darcy ribeiro e do paulo freire, é só decepção.

peço a Deus que, nessas últimas horas, o senhor reflita e se tome de toda a moral que eu sempre julguei o senhor como tendo.

deixo um beijo desesperançado.

att,

jurandir barbosa


 

terça-feira, 23 de agosto de 2016

apetecimento


me apetece o que me promove para a eternidade...

o contracheque fica. o carro fica. os títulos ficam. os bens nenhum irão junto. as conversas rasas serão esquecidas. as superficialidades também se apagarão. todos os que acompanham nesses momentos ocos serão os primeiros a abandonarem o navio durante as tempestades. farei 40 anos. meia dúzia de amigos na essência. meia dúzia de filhos. toda uma solidão, fruto dos meus tiros no escuro e que acertaram os meus pés. tenho dois relógios.

um relógio que conta o tempo regressivamente. o outro relógio, progressivamente. infelizmente e em decorrência das minhas ansiedades, neuroses e tantos medos, me ative até hoje apenas ao relógio regressivo. era o tal medo de morrer e a sede de viver. fiz todas as merdas possíveis. era um prazer em cutucar feridas. era um gosto pelo suicídio mesmo com medo de morrer e querendo ser imortal. vá entender... construí as pontes mais erradas e achando que construía pontes para o futuro. numa sede sem limites acabei tendo concepção errada da felicidade, da completude e do próprio amor. reservei lealdade para quem no máximo, merecia um bom dia. dei secos "bom dia" para quem merecia toda a minha lealdade.

40 anos. o outro relógio.

esse plano tão passageiro não corresponde aos meus anseios. eu e os meus sapatos de bicos finos, rumo a tudo que vai contra o efêmero...