sábado, 24 de outubro de 2009

so para dizer que te amo

[p/ wander soares]


um banco de praça
essas árvores sem micos
todo esse cimento entre essas gramas
o que deveria ser verde é cinza.
nenhum balé
nenhum café com poesia
igor dança pro divino
celinho e suas palhinhas pros querubins
gabrielzinho azarando as enfermeiras cuidadoras de almas
e algum anjinho safado a nos molhar com orvalhos.
esse coreto assassinado
sem nenhuma graça
essa praça sem nenhum charme
mesmo assim tomando conta de mim
ou de nós
ou dos divinos em essências.
somos puros?
acho que não. não quero ser puro.
o que quero mesmo é fazer amor.
aqueles degraus, aquela escada
que antes tantas bundas pousavam alí
bundas de poetas, bundas de músicos, bundas de atores
bundas de bailarinos...
essa é a nossa casa ou a nossa casa é a noite?
saudades de joão rodrigues e seus vinhos almadén
dona iara também.
brutos, corta essa de fazer meu filme
para os seus amigos alegres
ou ganha um cascudo qualquer dia desse.
deixe/abandone esses jeitos
deixa o wander viver
ou o centauro ou sei lá o quê...
XVI anos nosso filme
poesia/cinema/rock n roll.
você o único
a me jogar as verdades na cara
nú, crú, sem dó ou cuspe
eu ouvindo sempre calado
que assim seja
amém...
me diz uma coisa brutos,
tem outro amigo tão chato como eu?
precisa responder não
porque o que importa mesmo
é que eu te amo.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

[ameaça de morte]

para o eixo do mal
a ameaça de morte
é uma tristeza
quando não enxergam o medo
no olho do outro.

sábado, 17 de outubro de 2009

sempre depois da meia noite

a vida lateja
o meu pulso frio
a sina da cama suja
na dissonância dos dias.
meu olhar  nada divino
segue o caminhar da moça
enquanto desço essas vielas tristes.
eu.
eu.
nesse desencontro
não há tezão ou sonhos que resistam
e todos os planos morrem
após os shows ao fim do dia.

[hoje]

[o bem vence o mal?]

ja ouvi isso algumas vezes
e talvez tenha sido assim algum dia
hoje o mal é organizado
facções de vários gumes
corporativos em suas permutas defensivas
matam, estupra, ferem, difamam
e saem vítimas.
num canto, isolados
os raros que ousam cutucar a podridão
vez ou outra
num suicídio cutucando as putas
e cabeças santas em bandeijas
deleites dos satânicos.

heróis não são os que vencem as guerras.
heróis são os que não se rendem ao mal.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

a carta p/ a única mulher que soube/sabe me amar

[p/ dona Tereza, minha mãe]



“a 19 anos venho travando uma luta
com a caneta e o papel
em tentativas vãs de fazer nascer o poema
que deixe claro o que sinto por ti”



é dona Tereza, a tantos anos a Senhora não canta mais uma canção de ninar para mim, mas Deus, perfeito, traz-me aos ouvidos todas as noites, Sua voz cansada e quase abatida mas sempre com aquele universo de amor.
e sinto Seu cheiro.
e sinto a Sua pele.
e sinto o Seu calor.
e sei que vivo na Senhora assim como a Senhora vive em mim. dona Tereza, é tudo tão nítido nas minhas lembranças dos momentos que passamos. vivemos tantos filmes lindos e tantos tristes. eu e minhas crises de febres na infância e a senhora noite toda me medicando com seu amor e atenção. a vida que a senhora abdicou para poder me ter quando os outros não me queriam e eu criança sem entender. e quantas vezes a senhora se desfez do almoço ou jantar para me ver cheio e corado, necessidades que passou quando poderia ter uma vida boa e confortável. quando eu encontrar com Deus, vou pedir a Ele para ser da Senhora de novo. tive poucos momentos felizes nessa vida mas a oportunidade de ter crescido ao seu lado, mesmo tendo feito eu tantas coisas erradas, será sempre minha maior felicidade. um dia saí do Seu lado e fui vadiar pelo mundo. andarilho, fuçador... mesmo com tantos encontros e acontecimentos por essas estradas jamais encontrei um sentimento como o da Senhora. nada real e puro. nada natural e santo. não me formei doutor e nem me formei em nada como a Senhora sonhava, porém, jamais diminuiu seu encanto, amor e admiração por mim. cresci ciente de que, o que tenho de mais belo e divino de mim, herdei da Senhora; meu senso de justiça. foi minha melhor escola ter crescido ao seu lado e presenciado sempre seu senso de justiça, de nunca ser conivente com “a ou b” e sempre de portas e braços aberto para receber aqueles que a procuravam. mesmo com o Seu amor e proteção, Sua mão sempre pesava sobre mim quando eu cometia algum deslize. milhares de deslizes cometi. a criança reta que fui e o adulto torto que me transformei não a afastou de mim nem por um breve piscar de olhos. os momentos mais dolorosos que passei se deu quando me afastei da senhora tomado pelo mundo. tive algumas mulheres dona Tereza. belas. jovens. nenhuma, em nenhum momento, me fez dormir com o calor e a certeza do amor como o que emanava da senhora nas noites tempestuosas e nas noites de brandura. retornando a sua divindade, são tantos os momentos santos da Senhora que guardo comigo, seu coração do tamanho do mundo querendo abraçar a todos mesmo com tantas limitações que possuía. Sua lealdade amiga. Seu companheirismo a todos em todos os momentos. e a Sua fé sempre acompanhada de muitas obras. Suas constantes defesas em favor das noras mesmo quando elas estavam erradas e o seu argumento que elas não tinham familiares próximos ou que elas haviam abdicado das famílias delas por nós. é dona Tereza, cadê essas noras agora? cadê nós, Seus filhos agora?

cadê Teu filho frouxo e poeta que nunca conseguiu Lhe escrever um poema?
mãe, não sei e nem consigo escrever poemas divinos. minha limitação do conhecimento me inibe em escrever algo para alguém com tamanha grandiosidade como a senhora.
poucas foras as vezes em que Lhe fiz sentir orgulho de mim mas a senhora será sempre o meu referencial de honestidade, caráter, honradez, humanismo, pureza, lealdade e humildade e peço a deus que eu possa passar ainda muitas primaveras ao Teu lado pois, esse filho torto ainda precisa aprender muito com a Senhora e ser feliz.

te amo dona Tereza

te amo mãe.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

01 grito p/ 01 kara q amo

[ p/ aroldo pereira]

“entre os joãos
amo 01 certo aroldo
q pulou do ventre da juscelina”


fala meu irmão, nem poesia nem psiu
apenas os berros e o kaos.
enquanto o mst destrói os laranjais
nenhum beijo azul em nós
nessa cidade cÚ, de povinho cÚ
onde o lazer é falar da vida alheia.
essa cidade que o seu pt governa a anos
é alérgica a cultura e “pensamentos” quase que em sua totalidade
de grande aqui, apenas a cidade
porque o cidadão...
duvida? Faça 01 teste
propositalmente esqueça alguns exemplares do dummond, do guimarães rosa, do joão cabral, do manoel de barros, do ferreira gullar e alguns cds da adriana calcanhoto, do boca livre, do 14 bis, do beto guedes, do milton nascimento... deixe sobre 01 banco de praça.
volte meia hora depois.
as "divinas obras" (assim como as nossas)  não estarão mais lá.
ou estarão num desses latões de lixo ou picotados e quebrados numa dessas usinas de reciclagens.
chora não poeta
estou voltando sem me corromper ao funk, axé e,
sem me render ao bando do “falar da vida alheia...”
aroldo, brindemos sempre montes claros nessas nossas taças de vinho.
montes claros sim é poesia, teatro, dança, música, plásticas
montes claros sim tem gente...
poeta, somos menores em idh comparados a eles mas estamos anos luz a frente em conteúdo humano.

um beijo meu irmão, te amo.
estou voltando.

ps.
você patrocina o vinho quando eu chegar.


MPFDLC (mopefimdolicú)
movimento pelo fim do lixo cultural



in tolerância

salve o mundo.
destrua
01 cd de funk
e 01 de pagode.

destrua mais e seja um heroi.