segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

início, meio e sempre (L5)

(L em cinco tons de amarelo)

eu que te espero após a vida
te celebro, nessa e noutras
guardando recordações nos lábios.
presença que não se afasta
nem por morte ou praga pagã
somos a tatuagem no outro
que só olhos divinos enxergam.
não há pedras no meio do caminho
ou mesmo atravancadores,
que me faça desistir
de te reencontrar entre as rosas amarelas
porque as páginas, puídas
passado que não guardo mais.
te espero se preciso for, sem medo
até mesmo depois de lá

sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

COMEÇO, MEIO E SEMPRE


(L em cinco letras)

ontem eu vi um casal dançando numa dessas avenidas de gente morta e mansões. era dia. sol nascia. ela vestia botas, uma calça rasgada. uma camisete ocre. ou seria laranja? meu deus, linda. cabelos rente aos ombros. dele não me lembro quase nada. sei que estava de olhos fechados. parecia não acreditar. parecia orar. provavelmente agradecendo a deus. se fosse eu em seu lugar, faria igual; “deus pai, pare o tempo por favor, me permita essa respiração em meu cangote por vidas. passado que não existe, futuro que não sei. então deus, pooorrrrr favorrrrr... que pause esse presente, me entende? se eu acordar e ela não estiver ao meu lado, deus, vou brigar horrores e falar palavrões. a culpa não será minha já que não descido porra nenhuma. primavera está no fim, três dias para acabar e ainda assim, vejo flores brotando. deus, eu vou ter um troço. uma de suas mãos está meu peito. deus, minhas pernas bambas. deus, voltei à aquela criança, de short azul, usando um par de conga, apaixonado...”

domingo, 8 de dezembro de 2019

consciência 52

"ninguém aprisiona ninguém.
alguns que por opção própria,
se aprisiona a presença do outro.
ir ou ficar é uma opção.
eu escolho pelo calabouço
ou por minha liberdade"

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

um + um é + que eles

para pâmela souza


e quando você disser, vou
não vai
vamos
porque as tuas lutas
cabem em minha pele, em minha lágrima
em meu sangue.
eu sou da sua laia
comungo do suor dos seus sonhos
bebo na taça das suas lutas
como no seu prato de pão sem dono.
é claro que eu te amo
quinta filha que não saiu de minhas entranhas
e quando você disser, vamos
não vamos
já estou ao seu lado esquerdo
te carregando em minha íris.
eles levam armas
você, amor
eles são muros
você, pontes
eles passarão
você, passarinho.
te espero dentro do bosque