sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

COMEÇO, MEIO E SEMPRE


(L em cinco letras)

ontem eu vi um casal dançando numa dessas avenidas de gente morta e mansões. era dia. sol nascia. ela vestia botas, uma calça rasgada. uma camisete ocre. ou seria laranja? meu deus, linda. cabelos rente aos ombros. dele não me lembro quase nada. sei que estava de olhos fechados. parecia não acreditar. parecia orar. provavelmente agradecendo a deus. se fosse eu em seu lugar, faria igual; “deus pai, pare o tempo por favor, me permita essa respiração em meu cangote por vidas. passado que não existe, futuro que não sei. então deus, pooorrrrr favorrrrr... que pause esse presente, me entende? se eu acordar e ela não estiver ao meu lado, deus, vou brigar horrores e falar palavrões. a culpa não será minha já que não descido porra nenhuma. primavera está no fim, três dias para acabar e ainda assim, vejo flores brotando. deus, eu vou ter um troço. uma de suas mãos está meu peito. deus, minhas pernas bambas. deus, voltei à aquela criança, de short azul, usando um par de conga, apaixonado...”

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