sábado, 31 de março de 2018

profetizo

vida cigana
pássaro sem anilha
um encontro aguardado
lp's reservado
para um trilha sonora
sem hora
senhora
uma hora acontece

domingo, 18 de março de 2018

cigano ao fim da linha

vida cigana tem seus encantos, seus sabores e suas mágicas mas há dias em que acordamos e, sozinhos, olhamos para o lado e o silêncio impera na cama, nas paredes e aos arredores. uma vontade enorme de maínha me toma mas maínha morreu faz anos. sinto saudade da lesse mas lesse minha cadela pastor alemão morreu já faz 14 anos. lembro do seu chico da pamonha que me contava causos da sua infância e sempre alegrava as minhas manhãs. seu chico morreu e junto morreram as suas pamonhas a mais de 20 anos. viro o rosto para o outro lado da cama e um espaço maior ainda que me faz lembrar tantos outros momentos. o que será que aconteceu com a natália, minha paixão dos sete anos de idade? júnia marise, meu amor dos 09 anos de idade e a garota mais linda da turma da quarta série da escola zinha prates no ano de 1987, como estará júnia marise? casada? avó? com seis filhos assim como eu? waldir cdf o meu protegido que ninguém podia tocar ou apanharia de mim, onde andará o waldir? por onde andará tia solange, tia pretinha, tinha graça e tia adeir, professoras do meu primário? será se ainda se lembram do meu rosto ou do meu nome? das mulheres que amei, uma ou duas pensam em mim vez ou outra? o cigano que não tem canto, nem rumo e nem ninguém, relembra todos os dias as ruas de montes claros, do major prates ao independência, do maracanã ao eldorado, da vila oliveira ao jardim primavera. e daquele banco da praça da matriz onde aconteceram os beijos mais inteiros.

sábado, 17 de março de 2018

21:21

cabe em mim todos os sonhos
ainda não realizados, os inteiros
pois as metades
deixei para trás
já que não me deixaram marcas,
desconstruir
o contentamento com o pequeno
o vício com o imediato
o fácil do arreganho
fácil veio
fácil vai
só assim;
um vinho
um beijo inteiro
uma jornada
em seus cabelos anelados

sexta-feira, 9 de março de 2018

nostalgia 31

no tédio candango
01 tema para o meu poema
em branco
uma vela laranja que não me salva
parece não me levar a nada
a lugar nenhum
nem as pedras, só elas
além do meio do caminho
uma pausa;
tem uma senhora cabelos brancos
banguela
me olhando
através da garrafa que atravessou o atlântico
senhorinha, o seu rosto atravessa
o vidro escuro e o vinho. como consegue?
mais sadio retornar ao tédio
♪whole lotta love
para salvar a noite, o poema
o poeta



terça-feira, 6 de março de 2018

reflexão 44

ser inteiro. ser intenso; quanto mais velho fico, mais descubro o quanto a vida é curta e o quanto a vida é perfeita. curta demais para se perder tempo com situações pequenas e perfeita demais para se compartilhar com pessoas inteiras e intensas. certezas temos duas; nascemos e morremos. de onde vimos ou para onde iremos, suposições e achismos seja qual for a nossa crença. a vida alheia não me cabe. a inveja não me cabe. a cobiça não me cabe. a usura não me cabe. a maledicência não me cabe. o egoísmo não me cabe. a indiferença não me cabe. o que me cabe são as pessoas inteiras e intensas e as situações inteiras e intensas que elas me proporcionam

sábado, 3 de março de 2018

recomeçar sempre

recomeça-se do zero; recomeçar é sempre cruel e nunca é fácil. apega-se ao sólido, ao material, ao imaterial, a presença e até mesmo a própria imagem e presença. apega-se ao timbre da voz, ao perfume que usava, a cor preferida das roupas, aos filmes que assistiam juntos, as músicas que ouviam juntos, as drogas que usavam juntos, as merdas que faziam juntos e alguns se apegam até mesmo as coisas boas que faziam juntos. há os que se apegam as recordações ruins. outros se alimentam, perpetuam e sobrevivem do que não viveram. seria esse o pior desapego? desapegar-se do beijo não dado? “dos remorsos/ que trago no peito/ os que mais me machucam/ são os dos beijos negados/ lábios em remorso”. os dias passam, as noites se alongam e o tempo não se repete. as pessoas não se repetem. o fracasso se repete se permitirmos. o que vem fácil vai fácil. conquistar pede suor e tudo que é raro e ímpar, é cavacado. debruçar tem dois sentidos, um te permite o novo e o outro, te mantem refém com os cotovelos na janela. hoje eu deletei mais de 720 fotos da memória. da cabeça, do celular, do notebook e do álbum envelhecido escondido na última gaveta do armário. hoje eu me sinto pronto para recomeçar. para recomeçar inteiro, sem os vícios e sem medos. o meu coração é muito grande e muito humano para viver de passados acinzentados. já a minha alma se alimenta é para o futuro