domingo, 24 de fevereiro de 2019

o calabouço

(para marília martins)


o teatro tatuado na sola do pé
primeiro me fez correr, não era medo
meu deus, não era medo
é que não me dizia nada
ela achando que aquilo dizia tudo
sem solução. sim? não?
cabe tudo numa mão em concha
tudo que havia dentro dela.
havia um grito na esquina, ela surda
havia um grito na esquina, ela surda
nenhuma cama era muito. ou pouco
era nada
a tatuagem em sua sola não dizia nada
simples assim. como sua alma
ou sua cara de desdém na feira da madrugada
foi testemunhado na placa da esquina
“ali ninguém se completa
em seus olhos, umbigo
em seus seios, umbigo
em sua bunda quadrada, umbigo
em sua vagina seca, umbigo
nas palmas de suas mãos, umbigo”
tem uma cobra no meu telhado.
os seus cabelos não me levarão a lugar nenhum

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