sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

parapeito

deixa eu te falar,
estou aqui, rente a janela
segundo andar, olhando o céu
estranhamente não vejo estrelas
também não vejo nuvens
calçado com os velhos chinelos
de couro, franciscanas, tomando café
num velho copo de plástico amarelo
ouvindo tim maia, sozinho.
deixa eu te falar,
sem sina, sem rumo
prumo é o que me queria tereza
sem chance... sem chances
e os sonhos nas mãos em concha?
sem estrela cadente nesse céu pelado
nem a merda de um pedido iludido
nem a garrafa de um vinho vagabundo.
deixa eu te falar, não sei quem é você
não sei onde você está. se existe
não sei porque esse tempo perdido
não lhe escrevo mais nada
se o meu grito é para ninguém

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