domingo, 17 de março de 2019

esse tempo para escrever

em noites em que não estou contigo
em dias que não lhe tenho
continuo a escrever
quando muitos já teriam desistido.
qualquer papel em branco
traz a mim todo o seu perfume
a sua pele e o seu gosto.
sem premeditar, um poema surge.
vazio apenas quando caneta ou lápis
não se encontra em minha mão.
escrevo e,
sinto o meu nariz, língua e lábios
entre os seus seios
seus mamilos a me roçar o rosto
ou a brincar entre os meus dentes.
caneta e papel qualquer, fértil
oportunidade de fazer amor,
de novo, contigo.
oportunidade de ter o seu sexo
devorando o meu sexo.
quando e enquanto escrevo
não estou só. não sinto frio
a saudade cede lugar para a sua presença.
egoísta sim e tranquilo pois,
quando escrevo tenho você para mim
só para mim, de novo.
enquanto escrevo olho o espelho
vejo a sua cara feliz e assustada
com esse poeta tarado
por você. e apenas por você.
enquanto escrevo,
desenho os momentos que vivemos
os momentos que não tivemos.
desenho você pela eternidade ao meu lado.
enquanto a caneta é o par do papel
não sou o seu herói. somos o par
entre o divino e o profano.
meu amor, é por isso que escrevo

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