domingo, 28 de abril de 2019

the doors para a estrada

para gilder souza de moraes

em minha frente uma longa estrada
sem endereço qualquer me esperando
meu Deus, o que me espera do outro lado?
onde estão os ipês amarelos
sempre rentes a margem do caminho?
como caminhar? seguir sem ipês?
é verão. meu Deus [é verão]
seguir sem o amarelo do seus cachos?
não sobreviveu a paisagem verde
que via pela janela do meu carro
me acompanhando por todo o percurso
vejo nuvens espalhadas, sem formas
que não me lembram nada. meu Deus,
nem as nuvens sobreviveram
não contarei mais carneirinhos
declaro morto então, os sonhos
Deus, que história é essa de hoje
de estrada sem ipês amarelos?
Deus, eu não sou daltônico
Deus, tenho medo de viajar
sem ver os meus ipês amarelos
pode então por favor, repintar
essa estrada num outro tom bem quente?
eu quero de volta os meus ipês
em toda a margem do meu caminho
ou isso ou paro aqui, sento e choro
não sei sonhar sem o meu cavalo de pau
sem os meus ipês amarelos

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